sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Rubrica: Dias de Futsal

Elaboração de uma unidade de treino

"Tal como em todas as modalidades desportivas, também o futsal utiliza o treino como forma de optimizar as potencialidades dos atletas que praticam este desporto. Como tal, quanto melhor pensado, oportunamente aplicado e quanto melhor desenvolvido, maior a probabilidade de, do treino, resultarem os objectivos pretendidos. Compreende-se assim, a importância da sua preparação. Cada treinador tem a sua forma de planear um treino, o que a seguir irei referenciar, não é uma receita, mas antes  a forma que considero  a mais  eficaz, perante  a realidade em que me encontro.

Elaboração da Unidade de Treino

A UT deve ter um cabeçalho onde se identifica o número do treino, a data e o micro-ciclo onde se enquadra. Nesse cabeçalho também deverá constar as componentes da carga, nomeadamente o volume e a intensidade, e os principais objectivos que se pretendem atingir nesse treino. Depois, deverá ser dividida em 3 Partes: Introdutória, Fundamental e Final.

Na parte Introdutória do treino, são realizados alguns alongamentos e alguma activação geral. Nesta parte aproveito para fazer um resumo daquilo que se pretende para esse treino, referindo os objectivos principais, e o tipo de trabalho que se vai desenvolver. Nesta parte também consta uma estimulação cardio-vascular, o chamado “aquecimento”, onde se pretende que os jogadores se preparem para a parte fundamental do treino, de modo a evitar lesões. Nesta parte, normalmente já se aproveita para trabalhar Movimentações Ofensivas e Circulações de bola, bem como outros aspectos técnico-tácticos. Se os guarda-redes estão a trabalhar à parte, estas Movimentações Ofensivas não terminam com finalização, se os guarda-redes estão integrados no trabalho desde o início do treino, as Movimentações terminam com passe para as mãos dos guarda-redes, onde também eles vão aquecendo de forma gradual. Normalmente gosto de realizar alguns Jogos Condicionados nesta parte inicial, com o objectivo de começar a estimular algumas tomadas de decisão, e principalmente para que os jogadores elevem os níveis de concentração.

Na parte fundamental do treino, são escolhidas as melhores tarefas possíveis para desenvolver os objectivos pretendidos, sejam eles técnico-tácticos ou físicos. Aqui, considero que é sempre possível trabalhar ambos simultaneamente. Se eu quero um trabalho mais aeróbio, aumento o volume e baixo a intensidade, se quero um trabalho mais anaeróbio, baixo o volume, aumento a intensidade e os tempos de pausas. No entanto, costumo procurar sempre exercícios com intensidades médias/altas, variando sim o tempo da pausa. Pretende-se sempre que essas tarefas se desenvolvam do modo mais próximo possível às situações reais de jogo. Um aspecto importante é tentar controlar o maior número possível de variáveis que podem ocorrer num jogo, e quanto mais próximo do jogo se trabalhar, maior a probabilidade dessas variáveis serem controladas e trabalhadas em situação de treino, evitando ao máximo surpresas inesperadas no jogo. Obviamente que quanto melhor se conhecer o adversário que teremos de enfrentar no fim-de-semana, menos surpreendidos seremos em competição. E é precisamente sobre aquilo que se conhece do adversário, que também é preparado grande parte do trabalho para o treino, de modo a ajustar alguns pormenores defensivos e ofensivos, para optimizar a nossa eficácia perante situações específicas em que o adversário se poderá revelar mais perigoso, e de modo a aproveitar um ou outro tipo de situações em que o adversário não é tão eficaz. 

Na parte final do treino é dada importância novamente aos alongamentos, à semelhança do início do treino, mas agora com maior insistência nos principais grupos musculares solicitados durante o treino, e com maior duração para cada alongamento. O treinador também pode fazer um pequeno balanço sobre a prestação geral dos jogadores e referir alguns aspectos mais importantes que serão trabalhados no treino seguinte."

Nuno Dias e Gonçalo Santos

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